Jidewá de Ossosi lidera a procissão em homenagem a Santo Antônio |
A manhã de domingo, 09, foi marcada por
fé e devoção de filhos e amigos do Babalorixá Jidewa de Ossosi. Jidewá é
candomblecista e nunca abandonou a prática católica, batizado, crismado,
dizimista e frequentador assíduo das missas dominicais o babalorixá que é
devoto de Santo Antônio organizou uma linda procissão com destino a Paroquia
São Miguel de Cotegipe em Simões Filho.
Santo Antônio saiu de andor do Terreiro
Ilê Asé Odé Oluami em Simões Filho, por volta das 06h, durante a procissão foi
aclamado pela população e fieis. Às 07h adentrou a igreja e foi muito bem
recebido pelo Cônego Paulo Roberto Bittencourt que celebrou a missa em sua
homenagem.
Cônego Paulo Roberto Bittencourt |
Emocionado Jidewá declarou que somos pequenos para afirmar que não
existe sincretismo entre o catolicismo e o candomblé: “sou a favor do
sincretismo por uma questão religiosa, aprendi isso com os meus mais velhos e o
candomblé é uma religião hierárquica, quem pode garantir que Santo Antônio não
é ogum, que Iansã não é Santa Bárbara?” Afirma Jidewá.
Imagem de santo Antônio |
Sincretismo Religioso no Brasil
Durante o processo de colonização do
Brasil, notamos que a utilização dos africanos como mão de obra escrava
estabeleceu um amplo leque de novidades em nosso cenário religioso. Ao chegarem
aqui, os escravos de várias regiões da África traziam consigo várias crenças
que se modificaram no espaço colonial. De forma geral, o contato entre nações
africanas diferentes empreendeu a troca e a difusão de um grande número de
divindades.
Mediante essa situação, a Igreja
Católica se colocava em um delicado dilema ao representar a religião oficial do
espaço colonial. Em algumas situações, os clérigos tentavam reprimir as
manifestações religiosas dos escravos e lhes impor o paradigma cristão. Em
outras situações, preferiam fazer vista grossa aos cantos, batuques, danças e
rezas ocorridas nas senzalas. Diversas vezes, os negros organizavam
propositalmente suas manifestações em dias-santos ou durante outras
festividades católicas.
Do ponto de vista dos representantes da
elite colonial, a liberação das crenças religiosas africanas era interpretada
positivamente. Ao manterem suas tradições religiosas, muitas nações africanas
alimentavam as antigas rivalidades contra outros grupos de negros atingidos
pela escravidão. Com a preservação desta hostilidade, a organização de fugas e
levantes nas fazendas poderia diminuir sensivelmente.
Aparentemente, a participação dos
negros nas manifestações de origem católica poderia representar a conversão
religiosa dessas populações e a perda de sua identidade. Contudo, muitos
escravos, mesmo se reconhecendo como cristãos, não abandonaram a fé nos orixás,
voduns e inquices oriundos de sua terra natal. Ao longo do tempo, a
coexistência das crendices abriu campo para que novas experiências religiosas –
dotadas de elementos africanos, cristãos e indígenas – fossem estruturadas no
Brasil.
É a partir dessa situação que podemos compreender porque vários santos católicos equivalem a determinadas divindades de origem africana. Além disso, podemos compreender como vários dos deuses africanos percorrem religiões distintas. Na atualidade, não é muito difícil conhecer alguém que professe uma determinada religião, mas que se simpatize ou também frequente outras.
É a partir dessa situação que podemos compreender porque vários santos católicos equivalem a determinadas divindades de origem africana. Além disso, podemos compreender como vários dos deuses africanos percorrem religiões distintas. Na atualidade, não é muito difícil conhecer alguém que professe uma determinada religião, mas que se simpatize ou também frequente outras.
Dessa forma, observamos que o
desenvolvimento da cultura religiosa brasileira foi evidentemente marcado por
uma série de negociações, trocas e incorporações. Nesse sentido, ao mesmo tempo
em que podemos ver a presença de equivalências e proximidades entre os cultos
africanos e as outras religiões estabelecidas no Brasil, também temos uma série
de particularidades que definem várias diferenças. Por fim, o sincretismo
religioso acabou articulando uma experiência cultural própria.
Não cabe dizer que o contato entre elas
acabou designando um processo de aviltamento de religiões que aqui apareceram.
Tanto do ponto de vista religioso, quanto em outros aspectos da nossa vida
cotidiana, é possível observar que o diálogo entre os saberes abre espaço para
diversas inovações. Por esta razão, é impossível acreditar que qualquer
religião teria sido injustamente aviltada ou corrompida.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Texto retirado do site: http://www.brasilescola.com/religiao/as-religioes-afrobrasileiras-sincretismo.htm
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