quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

JIDEWÁ COMEMORA SEU ANIVERSÁRIO DANDO EXEMPLO DE DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO

Djalma Torres, Antônio Roque, Jidewá e Fernando Carneiro

No ultimo domingo,16, o líder do Terreiro Ilê Asé Ode Oluamin, Jidewá Omo Osoosi, comemorou seu aniversário e a festa de Caboclo em seu templo,encerrando as festividades do ano. Em clima de confraternização a comemoração contou com as presenças dos Pastores Batista: Djalma Torres e Fernando Carneiro além do líder Messiânico Antônio Roque que realizaram uma celebração inter-religiosa, diante de um presépio com vários símbolos de religiões diferentes.

Presépio montado no Terreiro Ilê Asé Ode Oluamin com símbolos de diversas religiões

O Messianismo é uma crença que implica na vinda ou no retorno de um ser divino enviado por uma Divindade, que virá libertar a Humanidade. O termo "messias" vem do hebraico mashiah e do grego christós. Presente tanto nas grandes religiões e seitas como em movimentos políticos utópicos, revolucionários ou populistas. Característico das tradições judaico-cristãs, um dos casos mais famosos de messianismo aconteceu na comunidade de Canudos, na Bahia, no final do século 19, onde camponeses pobres sob a liderança de Antonio Conselheiro buscaram construir uma nova sociedade baseada estritamente em dogmas religiosos.

Sal e arroz: símbolos de vida e prosperidade



A celebração marca mais um momento na luta contra a intolerância religiosa da vida pastoral de Djalma Torres, líder protestante, que há mais de quarenta anos trabalha em prol do ecumenismo e do diálogo inter-religioso. Por esta atividade, Torres recebeu no último dia 17, da  Presidência da República o  Prêmio Direitos Humanos 2012.

Filhos da casa e pessoas de outras religiões assistem ao culto dos Pastores Djalma  Torres e Fernando Carneiro

O pastor Fernando Carneiro é coordenador  do NÚCLEO DE ESTUDO DE RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA E INDÍGENA (NEAFRO) – instituição dos militares e servidores civis, fiéis de religiões afro-indígenas brasileiras, do Quartel General e da Companhia de Comando da 6ª Região Militar em Salvador. Criado em 2011, o NEAFRO inovou, agregando as religiões de matriz africana e indígenas ás festividades da Páscoa dos Militares, atividade religiosa realizada anualmente no âmbito da Forças Armadas e Forças Auxiliares, antes englobando apenas as religiões cristãs e espírita.

Dança em homenagem aos Caboclos

Como um exemplo de boa convivência e respeito entre os líderes religiosos presentes, a celebração  inter-religiosa terminou com o Babalorixá  dando início ao xiré (sequência de toques e cantigas que são executados durante uma festa de candomblé para saudar os orixás). Jidewá dançou ao som dos atabaques que homenageavam os donos da festa, os Caboclos.










quarta-feira, 12 de dezembro de 2012


Entrevista com o babalorixá Jidewa de Osoosi

Por Andréia Sales e Maiara Fernandes





Jidewá com a imagem  que representa Iyami Osoranga


Babalorixá do Ilé Asé Òdé Oluami, mais conhecido como Jidewá de Oxossí, Jailton Bispo dos Santos, possui 45 anos de Axé, e um currículo invejado, incluindo experiências internacionais e cursos no exterior, entre eles na cidade de Abeokuta, na Nigéria, (local conhecido como a terra de Ogum), Itália, França, Suíça, Portugal e outros países onde realizou alguns trabalhos particulares. Todo esse conhecimento serviu para que em 1990 Jidewá se inicia-se no Culto de Ifá: iniciação que Jidewá passa-se a chamar Ifagbemi, na ocasião, Jidewá recebeu o cajado Opá Oréré, símbolo dos Sacerdotes de Òrúnìlá-Ifá, que representa o poder máximo de Ifá, considerado Orixá do Destino e muito cultuado na África, principalmente na Nigéria.
Em uma tarde no Ilê Asé Odé Oluami, um dos pais-de-santo mais polêmicos e respaldados do país, abre as portas do seu terreiro, localizado no Rio Vermelho, e conta com exclusividade as jornalistas Andréia Salles e Maiara Fernandes, o que acontece nos bastidores do candomblé.


Blog de Jidewa: Como foi seu primeiro contato com o candomblé?

Jidewa de Osoosi: Eu não queria nada com o candomblé, eu era criança, criança quer alguma coisa? Criança quer brincar e o meu tutor não me deixou brincar, e eu tenho um lado muito parecido com o de Michael Jackson, (emoção), eu não tive chance, eu fui obrigado, praticamente, cheguei lá doente e tive que ficar. Sou filho adotivo e perdi cedo meus pais adotivos, foi tudo muito rápido e nessa época eu já estava envolvido na casa de um pai de santo e ele passou a ser o meu tutor. Foi um sofrimento danado porque quando você está na infância, você tem uma história, quando está na adolescência outra, e na puberdade outra, em resumo, eu não tive infância, não tive adolescência e não tive puberdade, fui castrado em tudo. Meus pais não me deixavam brincar como outras crianças, eu já fazia parte da religião.


BJ: Como você avalia o interesse da mídia pelo candomblé nas últimas décadas?

JO: As informações são muito destorcidas, fantasiosas, a TV utiliza muito a imagem de mãe Menininha, e outros famosos para se promover, eles não usam a imagem da riqueza e do ritual em si para valorizar, os veículos de comunicação são ambiciosos, eles têm a ambição de horários, de ibope, de coisas que dão ibope para eles, então, se colocar um pai-de-santo ou uma mãe-de-santo dando entrevista não vai dá muito ibope. Agora, se botar alguém mexendo o bumbum aí o negócio com certeza terá mais audiência. A informação sobre o candomblé é paupérrima, a educação religiosa deveria começar na escola, ou tem aula de todas as religiões ou não tem de nenhuma, e a partir daí todo mundo iria poder escolher sua religião de maneira consciente.


BJ: Você acha que comportamento do candomblecista influencia na imagem do candomblé perante a sociedade?

JO: Às vezes sim, há muita discrepância, muito anarquismo, muita vulgaridade. Se tem uma coisa que eu não prego é a hipocrisia, eu acho que qualquer coisa que seja bem feita, a depender da integridade de cada um, ela deve servir para você ficar de bem com Deus e com a sociedade. Há muita aberração, muita coisa que não é natural, há um exagero, e às vezes os próprios adeptos vão se afastando e o candomblé perdendo espaço para outras religiões.


BJ: Qual a maior dificuldade que você vê atualmente no Candomblé?

JO: Recursos, para que a gente não precise cobrar nada do ser humano e você não ter que se corromper, porque a partir do momento que você cobra uma consulta, você está se corrompendo. A gente não tem ajuda governamental e essa é uma das nossas maiores dificuldades.

BJ: Ser babalorixá é uma grande responsabilidade, como você lida com o excesso de confiança que seus filhos de santo tem em você?

JO: Ser babalorixá é carregar uma redoma cheia de espinho, eu fico emocionado porque é um carinho gritante que meus filhos de santo têm comigo, e olhe que eu sou brigão, sou pai mesmo, mas quando a mãe (de santo) “pega” é um negócio sério...


BJ: O senhor dá alguma orientação para quem quer entender a religião?

JO: Há muita riqueza, é só querer procurar e não se influenciar com a primeira informação que escuta, ou por alguma coisa que a pessoa ver de fantástica e que aparenta o folclore. Na verdade, a essência da religião não está no folclore, mas sim no dia-a-dia de cada casa de candomblé.


BJ: Você visitou a África algumas vezes...O que motivou sua ida há África?

JO: Fui estudar. Além disso, minha alma é África. Eu nasci lá e renasci no Brasil. Eu vim aqui para deixar o meu recado e quando eu for minha alma retornará a África com maior emoção.


BJ: Qual a diferença que você encontrou no candomblé africano?

JO: Durante a minha experiência na África, pude perceber que lá é tudo natural e o respeito já vem de berço, lá não se impõe o respeito, não se obriga. Os iniciados na África (yaô) são levados para a praça, no meio da feira, aonde tem movimento público. Não pode chegar perto de ninguém e todo povo dessa cultura já sabe.


BJ: Em relação a sua opção sexual... Você já sofreu preconceito religioso em relação a sua homosexualidade?

JO: O homossexual em si não deveria nem se chamar de homossexual, deveria se chamar homosofrimento entendeu? Porque o homossexual ele quer a força da mulher, ele imita a mulher, ele sente uma mulher dentro dele e ao mesmo tempo sente um homem e isso é um conflito. Além de sofrer as cobranças da sociedade, do dia-a-dia, tem ainda as consequências psicológicas.  


BJ: O que você tem a dizer às pessoas que estão chegando agora no candomblé?

JO: Cautela, respeito, fidelidade aos Orixás, as pessoas estão muito afoitas para ser ialorixá, babalorixá, pai não é qualquer um. No Brasil as pessoas já entram no candomblé visando os lucros, os méritos, sentar na cadeira, mas eles esquecem que é uma responsabilidade muito grande uma pessoa colocar a cabeça no chão (A cabeça, nas religiões de matriz africanas, é chamada de Orí, a mão de Ifá, e é tido como o primeiro Orixá que as pessoas recebem). Por isso que eu canto IFÁ DORIÓ, IFÁ DORIÓ, que significa você não está colocando a cabeça para mim, você está colocando a cabeça para Orumilá Ifá (Senhor dos destinos). Aviso para os que estão chegando com sede de poder, que tenham paciência e prudência.















sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

NEGAÇÃO DO CANDOMBLÉ: SURGIMENTO DO SINCRETISMO



NEGAÇÃO DO CANDOMBLÉ: SURGIMENTO DO SINCRETISMO



A evolução do sincretismo religioso pode ser acompanhada a partir da chegada dos escravos africanos no Brasil. Ao desembarcar na colônia portuguesa os negros primeiramente eram submetidas à evangelização, feitas pelos jesuítas, com o batismo. Com o passar dos anos alguns escravos abandonaram seus cultos afrodescendentes, tornando-se adeptos do catolicismo. Os negros que se mantiveram no culto africano foram impostos a reverenciar obrigatoriamente os santos católicos. Não restava alternativa senão a aceitação definitiva, ou, pelo menos, a dissimulação através de um sincretismo forjado.
Sendo o sincretismo definido como a combinação dos princípios de diversas doutrinas religiosas, os negros escravizados passaram a frequentar as cerimônias católicas simulando reverenciar seus santos, quando, na verdade cultuavam os Orixás/Santos de sua religião natalina. 

O sincretismo valeu como poderosa arma para os negros manterem suas tradições. Sem eles, provavelmente, nem mesmo teriam podido manter os traços religiosos que ainda hoje se conservam. (BENISTE, J. 2006, pág. 23).



Citação retirada do livro “As águas de Oxalá”, José Beniste.





Resenha: Editora Bertrand Brasil, 2001 - 335 páginas

Em “As Águas de Oxalá” José Beniste detalha minuciosamente toda a dinâmica de um dos mais belos e longos rituais do candomblé, em que o branco domina integralmente os segmentos do terreiro, por ser a cor da pureza ética que simboliza o grande orixá Oxalá. O conteúdo histórico da obra retrata a organização do ritual praticado pela ancestralidade afro-descendente aqui radicada; os primeiros momentos, os quais utilizam o modelo prático do mito que ilustra a narrativa, são seguidos por uma seqüência de 17 dias, a mais longa da religiosidade afro-brasileira, tendo todos os seus cânticos e rezas entoados com as devidas explicações pelo autor. Todo o cerimonial das Águas de Oxalá está integralmente descrito neste livro, de forma clara, com pormenores que enriquecem o conhecimento de iniciados e pesquisadores do assunto.







terça-feira, 4 de dezembro de 2012

BAIANOS COMEMORAM O DIA DE IANSÃ




Iansã (oiá), no sincretismo religioso é Santa Bárbara


Dia: Quarta-feira

Cores: Marrom, Vermelho e Rosa

Símbolos: Espada e Eruexin
Elementos: Ar em movimento,qualquer tipo de vento, Fogo
Domínios: Tempestades, Ventanias, Raios, Morte
Saudação: Epahei!

Há mais de 300 anos, no dia 4 de dezembro, no Centro Histórico de Salvador os baianos seguem a tradição religiosa em homenagem a Santa Bárbara, no sincretismo religioso, Iansã, como é conhecida no candomblé. Considerada  Patrimônio Imaterial desde 2008 a festa tem programação para o dia inteiro com direito a queima de fogos e distribuição de caruru em homenagem a madrinha do Corpo de Bombeiros e padroeira dos mercados.




O nome Iansã é um título que Oiá recebeu de Xangô. Esse título faz referência ao entardecer. É a divindade dos ventos e das tempestades. Foi mulher de Ogum e depois de Xangô, seu verdadeiro amor. Xangô roubou-a de Ogum.
Iansã pode ser traduzido como a mãe do céu rosado ou a mãe do entardecer. Guerreira por vocação, sabe ir à luta e defender o que é seu, a batalha do dia-a-dia é a sua felicidade. Ela sabe conquistar, seja no fervor das guerras, seja na arte do amor. É a mulher que sai em busca do sustento; ela quer um homem para amá-la e não para sustentá-la. Desperta pronta para a guerra, para a sua lida do dia-a-dia, não tem medo do batente: luta e vence.

Características dos filhos de Iansã / Oiá

Para os filhos de Oiá, viver é uma grande aventura. Enfrentar os riscos e desafios da vida são os prazeres dessas pessoas, tudo para elas é festa. Escolhem os seus caminhos mais por paixão do que por reflexão. O seu comportamento pode ser explosivo, como uma tempestade, ou calmo, como uma brisa de fim de tarde. Só uma coisa o tira do sério: mexer com um filho seu é o mesmo que comprar uma briga de morte: batem em qualquer um, crescem no corpo e na raiva, matam se for preciso.


sexta-feira, 30 de novembro de 2012


Folhas sagradas do Axé

folha tem uma importância vital para o povo do santo, sem ela é impossível realizar qualquer ritual, dai existe um termo muito ultilizado pelo povo do santo que diz: ko si ewe, ko si Orixa ou seja, (sem folha não existe Orixá).
No Candomblé todas as folhas possuem poder, mas algumas têm finalidades específicas e nem todas servem para ingestão. O seu uso deve ser estritamente recomendado pelo líder religioso ou em comum acordo com o Babalosaim (sacerdote conhecedor da ação, reação e consequência do poder das folhas), pois só estes sabem a polaridade energética, "positiva ou negativa" de cada uma delas e a necessidade de cada indivíduo.
Postaremos semanalmente ervas medicinais regulamentadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que ajudam a combater doenças de maneira natural.


Assa-Peixe

 Assa-peixe: Planta da família das Asteraceae. Também conhecida como assa-peixe-branco, cambará branco, cambará-guaçú, cambará-guassú, chamarrita, estanca-sangue, tramanhém, mata pasto, cambará-guassu, cambará-do-branco, erva-preá e enxuga.
Parte utilizada: folha, raiz.

Habitat : É uma planta silvestre, comum nos cerrados de São Paulo, Mato Grosso, Minas gerais e Goiás; sendo o seu uso medicinal nessas regiões comprovado por vários estudos. Multiplica-se com facilidade em terrenos de pastagem e solos pouco férteis, nas beiras de estradas, nos lugares abertos, sendo, por isso, considerada como planta daninha nas culturas perenes.

Princípios Ativos: alcalóides, glicosídeos, flavonóides (genkwanina e velutina), óleo essencial e sais minerais.

Indicações: afecção da pele, afecções do útero, asma, bronquite, cálculos renais, contusões, diabete, diurética, dor muscular, gripe pulmonar, hemorróidas, litíase, pneumonia, pontadas nas costas e no peito, resfriado, reumatismo, rins, tosse rebelde. Porém nenhuma planta deve ser consumida em excesso. (Não deve ser utilizada durante gravidez e lactação).

ALERTAS sobre o Uso de Plantas e Ervas Medicinais:

1 - As plantas e ervas medicinais, mesmo sendo medicamentos naturais, podem intoxicar, cegar, provocar coma e até matar! 

2 - Todas as plantas têm mais de um princípio ativo. Algum dos princípios ativos pode ser contra indicado para o usuário. 

3 - As informações deste blog têm apenas fins educacional, de pesquisa e de informação. Elas não devem ser usadas para diagnosticar, tratar, curar, ou prevenir qualquer doença muito menos substituir cuidados médicos adequados. 

4 - Consulte sempre um especialista! 

5 - Tome cuidado especial ao manusear ervas e as mantenha longe das crianças.





quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O CANDOMBLÉ NA BAHIA





O historiador e etnólogo Edson Carneiro afirmou que em meados da década de 1950 havia cerca de cem terreiros de Candomblé na Bahia, de variadas nações, que segundo sua pesquisa de campo, que coletou dados em 67 terreiros, se auto-declararam 13 sub-nações: Angola, Caboclo, Ketu, Jeje, Ijexá, Muçurumin, Ilu-Ijexá, Alaqueto, Africano, Daomé, Ioruba, Moxe-Congo, Angola-Congo, Congo-Caboclo e Angolinha, que pertenciam às nações de Candomblés dos sudaneses, bantos, ameríndios e afro indígenas. Em 2006 o Centro de Estudos Afro Orientais da UFBA executou o Projeto de Regularização Fundiária dos Terreiros de Candomblé de Salvador e identificou 1.408 terreiros, sendo que destes 677 foram criados nas duas últimas décadas. A partir de uma análise histórica pudemos concluir o porquê de uma tradição cultural tão forte e importante quanto o Candomblé, perdeu a notoriedade e sua aceitação como manifestação cultural legítima da sociedade soteropolitana e, consequentemente, a disseminação de informações sobre seus costumes, tradições, cultos, santos e hierarquia.

O Candomblé é uma religião monoteísta, embora alguns defendam que é um culto a vários deuses. O deus único da nação Ketu é Olorum, ou Olodumaré, aos iorubanos, ou Zambi, aos bantoneses, e a maioria dos participantes o considera como sendo o mesmo Deus dos católicos. A auto-afirmação do Candomblé como religião e não como seita, sustenta-se no conceito das duas palavras. Religião deriva do termo latino “re-ligare” que significa estar unido a alguma coisa. Essa definição engloba necessariamente qualquer forma de aspecto místico e religioso, abrangendo seitas, mitologias e quaisquer outras doutrinas ou formas de pensamento que tenham como característica fundamental um conteúdo metafísico, ou seja, de além do mundo físico. Sendo assim, o hábito, geralmente por parte de grupos religiosos de tacharem tal ou qual grupo religioso rival de seita, não tem apoio na definição do termo, posto que a palavra seita, deriva do latim "secta", que nada mais é do que um segmento minoritário que se diferencia das crenças majoritárias, oficias, assim denominadas, como religião.

Candomblé, é uma religião afrobrasileira, trazida da África e que cultua deuses denominados Orixás (divindades relacionadas a natureza e ao homem). Candomblé, Macumba, Xangô, Batuque, Pará, Babaçuê ou Tambor, são designações das diversas regiões do país para o Candomblé que foi ganhando particularidades, desde nomes dos cultos às nominações dos Santos/Orixás cultuados.

À meia-noite, numa cerimônia de macumba carioca ou paulista, todos os crentes são possuídos por Exu, uma prática que constitui um verdadeiro absurdo para os fregueses dos candomblés a Bahia. O toque dos  atabaques de qualquer região do país ficará surpreendido e atrapalhado ao encontrar esse instrumento montado sobre um cavalete horizontalmente, com um couro de cada lado no Maranhão. Que o pessoal das macumbas do Rio de Janeiro se apresente uniformizado, e não com vestimentas características de cada divindade, não pode ser entendido por quem frequente os candomblés da Bahia, os Xangôs do Recife ou os batuques de Porto Alegre. E vendo dançar o babaçue do Pará com lenços (espadas) e cigarros de Tauari, os crentes de outros Estados certamente franzirão o sobrolho. Se tais coisas normalmente acontecem, não será porque esses cultos são diversos entre si? (Carneiro, E. 2008, p. 13)

A significativa expansão do número de terreiros na área do município de Salvador ao longo das décadas de 1980 e 1990 leva a conclusão de que há uma conseqüente afirmação da afro-religiosidade neste período.


CARNEIRO, Edson. Candomblés da Bahia. São Paulo: wmfmartinsfontes, 2008.



terça-feira, 27 de novembro de 2012

EXÚ








DIA: Segunda-feira.
CORES: Preto (ou seja, a fusão das cores primárias) e vermelho.
SÍMBOLOS: Ogó de forma fálica, falo erecto.
ELEMENTOS: Terra e fogo.
DOMÍNIOS: Sexo, magia, união, poder e transformação.
SAUDAÇÃO: Laroié!



A palavra “Exu” significa, em iorubá, “esfera”, aquilo que é infinito, que não tem começo nem fim. Exu é a célula materna da geração da vida, o que gera o infinito, infinita vezes. É considerado o primeiro, o primogênito; responsável e grande mestre dos caminhos; o que permite a passagem, o início de tudo. Exu é a força natural viva que fomenta o crescimento. É o primeiro passo em tudo. É o gerador do que existe, do que existiu e do que ainda vai existir. Exu está presente mais do que tudo e todos na concepção global da existência. É a capacidade dinâmica de tudo que tem vida. Principalmente dos seres humanos que carregam, em seu plexo, o elemento dinâmico denominado Exu. É aquilo que no Candomblé chamamos de Bára, ou seja, “no corpo”, preso a ele. É o que nos dá capacidade de agir, andar, refletir, idealizar. Sem o elemento Bára, a vida sadia é impossível. Sem ele, o homem seria excepcional, retardado, impossível de coordenar e determinar suas próprias atitudes e caminhos de vida.



Arquétipos


Os filhos de Exu são alegres, sorridentes, estão sempre de bem com a vida, são ambiciosos, extrovertidos, espertos, inteligentes, atentos. Sabem como ninguém ser sociáveis e diplomáticos, pois conhecem o valor de uma boa amizade, fazem questão de manter o maior número possível de amigos.

O Blog



A criação deste Blog é um elo entre a informação, a notícia, e o entretenimento para os fieis e não fieis do Candomblé. Esperamos que esse veículo ajude a conscientizar as pessoas que o Candomblé é uma religião séria, que merece respeito como todas as outras, pois, mesmo após décadas de luta do povo-de-santo contra a intolerância religiosa, ainda no século XXI mantém-se o preconceito quanto à assunção do Candomblé como religião.

Na década de 1950 havia cerca de 100 terreiros de Candomblé em Salvador. Após 59 anos esse número cresceu 14 vezes e a herança afro-religiosa firma-se como de extrema importância na capital da Bahia. Atualmente o candomblé está representado nas músicas, nas roupas, nas festas populares e restritas. As manifestações dos Candomblés da Bahia ganham notoriedade mundial em períodos sazonais como Lavagem do Bonfim, Festa de Iemanjá e Carnaval, quando os blocos de Afoxés desfilam nas avenidas e mostram sua beleza. Como os Filhos de Gandhy, que reúnem mais de 10 mil foliões vestidos de branco acompanhados de músicas do Ijexá.